Da série pensamentos da meia noite

• conversando comigo mesmo

Morei na Austrália, na Europa, no sul da Ásia.

Passei anos de hostels em hostel, trabalhei duro em fazendas pra juntar grana pra fazer trabalho voluntário. Depois de muitos anos rodando só com minha mochila nas costas e agora ? O que é que eu faço ?

Estou prestes a fazer 30 anos. Os filhos dos meus colegas de escola já estão na escola. Muitos dos meus amigos já compraram suas casas proporias e estão realizando a tão sonhada viagem para Europa. Me pedem dicas de viagem, mal sabem eles que tudo que vão fazer nos trinta dias de cidade a cidade é tudo que eu não fiz. Tive uma vida maravilhosa e pacata. Não fui a muitos lugares turísticos mais passei inúmeras tardes em praias e pracinhas quaisquer ai pelo mundo a fora. Fiz amizade com o tio do super mercado, o porteiro da balada e o faxineiro. Limpei privada, lavei louça e colhi muitas frutas em baixo de sol. Fui bartender em Melbourne. Vivi dentro de uma van indo de um festival pro outro. Segui o verão por anos consecutivos e contando…

Portanto toda vez que venho ao Brasil saio com medo, medo da saudade, medo de ser diferente. A sociedade cobra o carro e a casa própria e normalmente eu dava um grito de liberdade pegando um avião pra qualquer lugar, sem casa própria e muito menos carro próprio. Me lembro de umas das vezes que cheguei na Austrália com 50 dólares na minha conta. Mais com sede de vida. Fiquei la por dois anos.

Este verão vou passar em Berlin. Trabalho com paraquedismo é irado mais tudo tem seu lado ruim. Mais vamos pensar nas coisas boas. Eu sei muito bem pra onde vou, vou voltar para o mundo, para os amigos de sotaques engraçados, as noites em claro em festivais, vou voltar para o céu que me proporciona até 11 saltos num dia só (esse foi meu record).

Eu sei pra onde ir, e posso chegar aonde eu quiser, não preciso de carreira, não preciso de garantia de emprego e muito menos de casa própria. Sei me virar e já provei para mim mesmo isso inúmeras vezes.

Mais os 30 estão chegando e a sociedade continua cobrando. Uma hora sempre vem aquele sussurro no ouvido dizendo… Estabilidade, conforto, reserva de dinheiro.

Eu não preciso de nada disso, se posso ter tudo isso sem ter. Sem ter que pagar pra sempre. Sem ter que me acorrentar à um local. Às vezes acho que sou louco por questionar meu estilo de vida. Me pego em lugares que muitos almejam estar. Eu às vezes secretamente almejo estar no lugar deles. Mais nada que um saltinho de 4mil metros de altura não faça eu a voltar a ser quem realmente sou. Uma pessoa livre pra ir onde quiser. Pra onde o trem me levar eu vou atras do sol…

A pratica de yoga tem me ajudado muito, a me desligar, me desconectar ou me desapegar. A ser livre, sozinho porém nunca solitário. Aprendi a gostar da minha própria companhia e posso passar horas conversando comigo mesmo.

Hey tá tarde vai dormir 😴

Nos podemos conversar mais amanhã ou durante os sonhos

Fui….

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